O evento “Definindo o futuro do bem-estar animal na América Latina” uniu partes interessadas de toda a cadeia alimentar, e apresentou o que há de mais moderno em pesquisas e ações desenvolvidas, além de promover o intercâmbio de ideias, experiências e soluções globais.
Nos dias 12 e 13 de abril, a Produtor do Bem realizou em São Paulo um simpósio internacional que reuniu empresas de alimentos, seus pares globais e demais stakeholders para um amplo debate sobre o tema de bem-estar animal. Durante dois dias foram discutidos desafios e oportunidades para o desenvolvimento colaborativo da cadeia alimentar do Brasil, e de um novo patamar de bem-estar animal na avicultura de corte. Essa oportunidade que facilitou uma troca ampla de experiências, ocorreu em um momento apropriado, como as empresas de alimentos da América Latina estão sendo cada vez mais demandadas por manejos mais sustentáveis e com melhores padrões de bem-estar animal.
Durante o evento, aconteceram diversas palestras e mesas redondas. Recebemos uma ampla gama de palestrantes do Brasil e do exterior, como representantes do instituto de pesquisa COPPEAD (UFRJ), a iniciativa colaborativa de investidores a FAIRR Initiative, a organização colaborativa não governamental Eurogroup for Animals, diversos ONGs e as coalizões da indústria globais GCAW (Global Coalition for Animal Welfare) e Pet Sustainability Coalition.
Um grande número de empresas de alimentos, principalmente produtores, mas também restaurantes e varejistas estiveram representados durante o evento. Tivemos o privilégio de ouvir vários players importantes da indústria alimentar brasileira e internacional, como a KFC, Grupo Pão de Açúcar (GPA), Korin, Seara, BRF, tal como o produtor de frangos norueguês Norsk Kylling.
Mudanças globais e locais
Foi debatido como fortes mudanças estão ocorrendo no setor de alimentos, puxadas pela agenda de sustentabilidade e bem-estar animal. É cada vez mais comum as empresas serem avaliadas sobre a exposição ao risco referente às questões de bem-estar animal, e que as empresas vêm desenvolvendo diretrizes próprios, que encorajam os fornecedores a irem além da produção padrão. Foi enfatizado a importância de colaboração onde toda a cadeia se juntam para identificar e implementar as melhores práticas na produção, o que também reflete na qualidade dos alimentos. Também importante é a colaboração com os agricultores e a comunicação ativa com os consumidores.
Também há exemplos de empresas reunidas em coalizões setoriais, nas quais problemas comuns e barreiras à melhoria podem ser resolvidos em conjunto. Embora cada empresa do setor alimentício precise assumir sua responsabilidade, algumas soluções são difíceis de serem alcançadas isoladamente, pois dependem de iniciativas mais amplas da indústria. Além disso existe o potencial para indústrias adjacentes, como os setores de alimentação humana e do Pet Food (comida para animais de estimação), começarem a trabalhar juntas para identificar necessidades e oportunidades comuns.
O tema do bem-estar animal tem evoluído do pioneirismo até uma maturidade geral onde as boas práticas viram uma parte integrante da filosofia das empresas, e como um tema que passa necessariamente pelo equilíbrio entre a saúde e o bem-estar dos animais e pessoas. É evidente que o bem-estar animal não é mais considerado uma questão subjetiva, mas que envolve ciência e conhecimentos sobre o que a sociedade espera.
Ações firmadas
O diretor-executivo da Produtor do Bem, José Rodolfo Ciocca, comentou a importância das temáticas abordadas durante os dois dias de evento. “Discutimos questões bastante amplas relacionados ao bem-estar animal, como sustentabilidade, a visão de investidores, oportunidades comerciais e riscos corporativos. Pudemos escutar o quanto as empresas vêm evoluindo nas questões de bem-estar nos últimos anos e discutimos sobre os desafios para a avicultura de corte para conseguir chegar em um novo patamar.” resumiu Ciocca.
A Produtor do Bem se comprometeu a continuar o diálogo que começou durante este evento e trabalhar o bem-estar animal de forma efetiva e colaborativa por meio de ações já definidas. Um grupo de trabalho vai ser criado com o objetivo de liderar temas fundamentais e trazer essas discussões em um elo muito mais amplo de debate, envolvendo produtores, agroindústria, investidores, redes de restaurantes e varejistas, institutos de pesquisas, entre outros players da cadeia de valor. Como um exemplo, a Produtor do Bem apoiará de forma integral estudos, validações e avaliações de linhagens genéticas de frango, que possam, de fato, não só atender a realidade brasileira de sistemas de produção, mas também de clima, focando no bem-estar animal, e sendo reconhecida como uma certificação com credibilidade, alinhada à sociedade civil.
Leonardo Vega, responsável pela área de estratégia da Produtor do Bem, avaliou que a instituição quer liderar o desenvolvimento técnico-científico local para atender as necessidades da região. “Nosso trabalho vai muito além de certificar bons produtos. Queremos estruturar as bases de um novo patamar de bem-estar animal na América Latina, uma forma mais justa de remunerar os pequenos e médios produtores locais, bem como uma nova proposta de valor para as agroindústrias já bem consolidadas no mercado”, concluiu Vega.